Editorial 7

 

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Seca, Planejamento e Trabalho

A Defesa Civil da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) alerta que nestes tempos de pouca chuva é grande a possibilidade de ocorrer novo período de seca neste ano, classificando-a como severa. A ocorrência deve ser mais intensa no norte de Minas Gerais e em parte do semiárido nordestino.

Ao contrário do que fora previsto, as chuvas em várias áreas do sertão nordestino não ocorrem como se esperava neste ano de 2001. O volume varia, conforme a região, de 600 mm a 800 mm entre janeiro e maio. Novos estudos apontam que ele poderá ficar até 20% abaixo. (Cada milímetro de chuva equivale à queda de um litro de água sobre uma superfície plana de um metro quadrado).

Na região sudeste e em parte da região centro-sul, as grandes barragens apresentam níveis muito aquém do normal. Basta sobrevoar ou transitar por perto de uma delas e verificar que em volta existe uma faixa clara de areia descoberta, mostrando parte do leito sem água. Normalmente as notícias de alto interesse comum são exageradas pelos veículos de comunicação, o que lamentavelmente não ocorre neste caso. Vivemos realmente uma crise no abastecimento de água.

As distribuidoras de energia elétrica traçam planos para economizar o produto. Fornecerão 5,6 milhões de lâmpadas econômicas a consumidores de baixa renda como parte do Plano de Redução de Consumo e Aumento de Oferta, um plano de racionalização.

Curiosamente, tal crise se desdobra num país onde estão as maiores reservas de água doce da terra. Apesar de abundante para nós, a água tem se confirmado cada vez mais como um bem finito. É imperioso economizar, usando-a racionalmente. Neste sentido, está de parabéns o setor elétrico que têm demonstrado preocupação com o problema. No entanto, o setor do saneamento básico vive apenas suas dificuldades, sem planejamento preventivo para evitar o desperdício. Cidades, quase a maioria, retiram água dos mananciais na razão de 2 vezes o necessário, promovendo a dilapidação dos mananciais.

O saneamento precisa imitar o setor elétrico. Planos de racionalização do uso, controle do desperdício, conscientização do consumidor final sobre mudança de hábitos de consumo e controle total sobre as perdas são necessidades urgentes. O Governo pode ser o agente de um mutirão desta natureza, tomando a iniciativa para implantá-lo, deixando de lado a ganância privacionista e pensando mais no meio ambiente e no país.

Por outro lado, é verdade que as gestoras de sistemas de água e esgoto, sejam elas privadas ou públicas, não podem ficar eternamente a espera dos governos que para elas não olham. Planos de conscientização do consumidor e controle de perdas e desperdícios podem ser feitos individualmente em cada cidade. Como em quase tudo, basta vontade política. O resto é planejamento e trabalho.- 7.30.04.2001

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