Editorial 19

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Descaso comprometedor

O comissário Pascal Lamy é o candidato francês a ocupar o cargo de diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), um dos poucos organismos internacionais respeitados pelo império norte-americano. Concorrem com ele um uruguaio, um candidato das ilhas Maurício e o brasileiro Luiz Felipe de Seixas Correa.

Lamy, ao defender a candidatura, estende as asas para além da sua competência e invade o setor do meio ambiente. Diz que “As florestas tropicais como um todo devem ser submetidas à gestão coletiva, ou seja, gestão da comunidade internacional”.

Carlos de Meira Mattos, brasileiro e doutor em ciência política, alerta-se e publica na Folha de São Paulo (13/04/2005, pág. A3) o artigo “A internacionalização da Amazônia”, defendendo a soberania brasileira ameaçada. Mattos lembra que o presidente francês François Mitterrand, já em 1991, declarava: “O Brasil precisa aceitar a soberania relativa sobre a Amazônia”. Criticando Lamy, Mattos afirma que a “... a tese mais recente (para a internacionalização) é a de que a Amazônia é patrimônio da humanidade”.

Em maio de 2000, o Aqua publicou no editorial número 1 que “... é imaginável as grandes potências se apropriando da Amazônia, a maior reserva de água doce da Terra, em nome de uma dita globalização  ou de um suposto patrimônio da humanidade, mas, na verdade, em nome de interesses de outros em detrimento da soberania brasileira”. O artigo de Mattos vem corroborar nossa tese de que a Amazônia está na mira do interesse internacional, ao afirmar: “Não há dúvidas de que perigos rondam a nossa nunca contestada integridade territorial”.

O arquiteto Carlos Niemayer também se pronunciou recentemente e previu até que a Amazônia será invadida a partir do território colombiano.

O quadro se forma de modo a facilitar mudanças no mapa geográfico do Brasil e a ausência de ações a serem tomadas pelas autoridades constituídas é preocupante. O governo omite-se de forma comprometedora, fazendo crer que os rumos políticos, no que se refere à soberania brasileira, não merecem atenção. Deixa à cobiça de interesses econômicos internacionais a maior reserva de água doce da Terra, que é nossa.

Por enquanto.

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