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Circula nos dias de final zero

Jornal on-line de opinião

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O Concorrente

Hoje é  

 Equipe Aqua                            Ano 1, Nº 12 \ São Paulo, 30 de julho de 2004

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Um país a serviço dos banqueiros

Fuja da Claro, a espertinha

O governo editou, no último primeiro de abril (dia da mentira), medida provisória impondo o pagamento de contas somente com cheques. Fica proibido o pagamento com dinheiro vivo, a partir de outubro. Com isso os bancos terão mais correntistas, a-mealhados nos cerca de 25% de brasileiros que fogem deles

por causa das tarifas altas.

Também ganha o próprio governo que aumenta a arrecadação com a CPMF, o tal do imposto do cheque que nasceu provisório e, por uma mentira imposta ao povo, é permanente. É fácil prever o quanto vão ganhar os bancos – a maioria em mãos de estrangeiros  –  cobrando em 

media R$ 13,90 por cada conta aberta.

Tão lamentável quanto a iniciativa absurda do Exe-cutivo, foi o Congresso Nacional ter aprovado a idéia, transformando a MP 179 na Lei 10.892, no último dia 13.

Não seria surpresa se alguma argüição judicial fosse recusada  pela  Justiça.  Tería-

mos então os três poderes abraçados em favor do di-nheiro e contra o social. Com as autoridades que temos, tu-do é possível.

 A Rádio Jovem Pan de São Paulo classifica o Brasil como “o país dos impostos”. Deveria ampliar a frase e dizer: “O país dos impostos, a serviço dos banqueiros”.

Em  São  Paulo,  a  BCP   foi comprada pela Claro e entregou a esperteza junto com o patrimônio. Quem usa o celular - dessa empresa, claro -  é importunado no mínimo uma vez por mês por telefonistas que perguntam gentilmente se está tudo bem, se há alguma reclamação quanto aos serviços. Seria ótimo e demonstraria exce-lente qualidade, não fosse a enfadonha repetição de frases decoradas e ditas, na ver-dade, para vender novos aparelhos telefônicos e di-vulgar o código nacional da operadora. Um saco, diria o jovem usuário.  

Mas isso não é tudo. Basta o assinante deslocar-se da base

e lá vem uma ligação. “Eu sou da Claro, meu nome é tal e ...” Neste caso, além da chatice, o usuário paga pelo recebimento da ligação fora da cidade. 

Com o rótulo de pseudo-eficiência, a operadora arran-ca alguns trocados do incauto assinante. No total, a medida rende um bom dinheiro aos espertos da Claro.

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Para o dia dos pais, a mes-ma empresa oferece planos atraentes com aparelhos lin-dos e chamativos. Há vários dias não passa de propagan-da mentirosa. O cliente vai à loja e o aparelho não existe.

Pura enganação!

Tabela disponível

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O que vale mais, 20 anos de um professor ou algumas horas da Juliana Paes?

Carlos Brisola Marcondes

Nos últimos dias, correu o Brasil a notícia de que Juliana Paes, uma atriz da Globo, receberia um milhão de reais para posar para a revista Playboy. A espantosa quantia deve ser justificável para a revista, pelos lucros que terá, e para quem vai posar, por ter conseguido. Afinal, em nossa sociedade, o que interessa é ser celebridade!

Então, fiquei fazendo contas e pensando. Um milhão de reais equivale ao rendimento por 20 (!) anos de um professor de universidade federal com doutoramento e 25-30 anos de carreira. Ou seja, uma moça que apareceu na TV por alguns meses ganha, para posar para uma revista masculina, o que um professor, que estudou por mais de 40 anos, que provavelmente publica trabalhos científicos de grande valor e que transmite a  centenas  de  alunos  de  universidade,

todos os anos, conhecimentos funda-mentais para a sua formação e para o progresso do Brasil e da ciência, levará 20 anos para ganhar. Esta sua dedicação ao ensino, pesquisa e extensão em geral envolve sacrifícios pessoais e da família, exige que ele use parte de seu salário para despesas e improvisações que mantenham funcionando seu laboratório, seu computador, adquirir livros e revistas científicas, viajar para congressos etc. Em 20 anos, ele contribuirá para a formação de milhares de jovens, que seguirão carreiras fundamentais para o país.

Muitos destes professores têm filhos (as), que lhes dão justificada satisfação ao se tornarem alunos da universidade a que têm dedicado suas vidas. Ao verem que o que faz sucesso no Brasil é praticamente só político  malandro/corru-

pto/demagogo, especulador e mulher que posa em revistas masculinas, o que o professor dirá para seus filhos, especialmente filhas? “Estude, minha filha, pois você vencerá na vida”? Ou dirá, na gozação: “Estude, minha filha, já que não vai posar para revistas masculinas”?

A maioria dos professores tem votado para mudar este país e, por que não, para que seja eleito um governo que, entre outras boas qualidades, considere os professores essenciais para o desenvolvimento do país, já que sem educação este país vai ser sempre o país do futuro, de que falava Stefan Zweig na década de 1930. Será que os sucessivos governos acham os professores indignos de receberem salários e condições de trabalho decentes porque concluem que o povo assim pensa? Ora, se for assim, os

A depravação está em um professor universitário brasileiro

levar 20 anos para ganhar o que ela ganha em alguns dias

governos têm a obrigação de ser melhores que o povo que os elegeu, e de enxergar mais longe! No entanto, não adianta, trocam-se os governantes e  a situação de desconsideração com os professores não muda! Fala-se em mil projetos, incluindo capacitação dos professores, como se falta de preparo dos professores fosse a razão do fracasso da educação no país, mas fecham-se os olhos para o fato de que professor não precisa de conversa fiada, mas sim de boas condições de trabalho (e de vida). Por acaso um professor com doutoramento ainda tem falta de capacitação? Não é um desperdício prepa-

rar um professor por tantos anos e deixá-lo trabalhar em condições precárias, sem poder usar seu potencial? Quanto mais os professores poderiam produzir se lhes fossem dadas condições dignas de trabalho, que incluem salários adequados? Se nas condições atuais já produzem tanto, por que maltratá-los? Será como na piada do burro que, quando estava quase aprendendo a trabalhar sem comer, morreu?

A depravação social e econômica (não se discute a moral ou sexual, pois é mais complexa)  não  está  em  uma

mulher ganhar uma fortuna  para posar em revistas masculinas, pois isto é comum em todo o mundo, e o que é comum é aceitável, certo? A depravação está em um professor universitário brasileiro levar 20 (vinte!) anos para ganhar o que ela ganha em alguns dias, isto por ter ele um rendimento indigno de seu valor e de sua utilidade para o país. O absurdo está no desprezo que o Brasil (sociedade e governos) tem dedicado aos professores de todos os níveis. Será que é assim que o Brasil vai se tornar um grande país, e deixar de ser somente um país grande?

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